sexta-feira, 5 de junho de 2009

Quem criou a Internet? Deus ou o Homem?


Tal como Deus, hoje o homem conhece toda a gente, sabe de tudo e está em todo o lugar, sendo tendencialmente omnipresente e omnipotente. A nossa geração viu nascer um novo mundo. Deus que fez o homem à sua imagem, criou as condições para que este se reinventasse à imagem de Deus. Para que o homem se sentisse livre, permitiu-lhe que este criasse um mundo sem barreiras e sem fronteiras, onde ele próprio pudesse viajar no espaço e no tempo à velocidade da sua imaginação, e sobretudo onde todos pudessem usufruir das mesmas oportunidades. Tudo começou com a revolução dos Média e com a globalização e democratização da Internet. Mas de imediato os "Velhos do Restelo" reagiram e num ápice, as ferozes restrições impostas pelos direitos de autor, as leis sobre a proibição de copiar e sobre a utilização indevida de cópias ilegais fizeram danos irreversíveis a quem no espaço on-line ousou “facilitar” o acesso a softwares, obras musicais, filmes, livros e documentos a custo zero. Mas o espaço On-line é extremamente inovador, criativo e auto-regenerativo, capaz de se reinventar perante o seu imenso público. As rádios com livre acesso na Internet inundam o espaço Web, assim como o aparecimento da TIVO (Internet Television) permite aos utilizadores escaparem aos anúncios comerciais. Os Jornais seguem a mesma tendência e a todo o custo tentam adaptar-se a esta incontornável realidade. O Wall Street Journal aparece On-line, atrás destes seguem-se milhares de outros jornais e fontes de informação. O Google lança o Google News. Todos os dias emergem novos motores de busca. Milhões de pessoas passam a ter acesso ao “Ohmynews” que se transforma no maior jornal On-line escrito por milhares de jornalistas. Mas o mundo online é uma nascente de inovação e criatividade. O Flickr transforma-se num repositório à escala global de fotografias que podem ser partilhadas entre os elementos da rede desta comunidade. O Youtube faz exactamente o mesmo para filmes, onde tudo o que seja video feito pelo mais comum dos mortais pode ser partilhado por milhões de utilizadores da Web. Já não são os Media que ditam o que é notícia ou não. Essa agenda agora é feita por todos os utilizadores da Web que de uma forma livre espontânea e democrática constrõem as tendências. É o poder das massas ao mesmo nível do poder do individuo. Cada um pode alcançar o poder de milhões. Abre-se lugar ao “prosumidor” um produtor e consumidor de informação em simultâneo. Todos podem ser “prosumidores” neste mundo virtual. Milhares de novos canais tornam-se todos os dias disponíveis na Internet. Os Blogs tornam-se dramaticamente influentes e com maior impacte que a velha Média. Os "Social Media" formatam uma nova forma de relacionamento social. São inúmeros os sites que permitem a criação de comunidades de relacionamento. Todos os passos que um homem dá podem ser documentados e seguidos pela net. Todas as suas opiniões sobre os locais que visitou, os lugares que frequentou, os espectáculos que viu, os bens que adquiriu, podem ser documentados, partilhados e ser livremente comentados. O homem não se limita a ler, ele pretende partilhar o conhecimento. Os jornais nas suas versões On-line estão cada vez mais disponíveis sem custos. O Wikipedia torna-se na ferramenta de informação mais potente do mundo Web. As revistas tradicionais transformaram-se em plataformas “ponto com”. As grandes publicações percebem que o futuro é digital. As relações sociais alteram-se e as pessoas estão conectadas por interesses comuns e não pelo facto de se conhecerem ou não. Democratizam-se as relações. Os credos, as raças, as classes sociais e a educação não são mais barreiras para a socialização. Hoje as pessoas falam e comunicam praticamente de forma gratuita. Qualquer um pode produzir os seus conteúdos e partilha-los na imensa rede social.
Quem ainda não aderiu às comunidades on-line corre o risco de ser visto como um leigo e socialmente desintegrado. Hoje quem não estiver associado a uma rede de contactos, fazendo circular a sua identidade ou as suas opiniões nas redes sociais, corre o risco de quase nem existir. Procurar por alguém no Google e não encontrar uma única referência a essa pessoa pode ser desastroso, sobretudo para quem pretende ter uma carreira de sucesso.
Numa cidade virtual é de esperar que os utilizadores dupliquem ou tripliquem o número de habitantes reais, no sentido em que cada pessoa pode construir múltiplas identidades on-line. Vejamos o caso do Second Life que nasce da necessidade que cada ser humano tem em tornar-se na pessoa ideal, uma segunda oportunidade para nascer, uma nova identidade com novos interesses e com outras expectativas de vida.
Toda esta evolução permitirá que em breve as revistas venham a ser publicadas unicamente em formato digital, com os seus conteúdos multimédia e linkados de forma interactiva a documentários e assuntos relacionados.
Será de esperar uma forte reacção dos velhos Média. A taxa da televisão como justificação de um serviço público será regulada pelo poder sem intervenção dos consumidores e tenderá cada vez a ser mais cara. As rádios, televisões e jornais terão de ser financiados pelo Estado. As leis contra downloads ilegais a partir da Web serão cada vez mais severas, ao ponto de serem cada vez mais tratados os downloads ilegais como crimes graves, sujeitos a anos de prisão efectiva. No entanto esta tendência será contra natura pois os investidores e os consumidores traçarão as verdadeiras tendências do comportamento social. As campanhas publicitárias no futuro serão feitas muito mais na Internet, o jornal electrónico será um jornal de massas, onde toda a gente pode ter acesso aos conteúdos em jornais que se apresentarão numa folha de plástico rígido em formato A4 com edição digital. As televisões dentro de anos deixarão de ser um produto de massas. A televisão digital terrestre deixará de ter actualidade, a rádio desaparecerá e apenas será possível ouvi-la através da Internet. Os conteúdos serão multimédia e serão gerados por milhões de pessoas. A Internet, incluirá e unificará todos eles numa única plataforma de acesso. A Publicidade terá que se adaptar a esta revolução social e tenderá a ser mais informativa e menos emocional e especulativa.
Quando todas estas transformações se efectuarem o copyright deixará de fazer sentido e os autores serão finalmente os verdadeiros donos dos seus conteúdos e serão devidamente compensados pois através da Internet passarão a ser ouvidos, vistos e lidos por biliões de pessoas e esse será o valor tangível da sua obra.
José Santos / Cision Portugal Managing Director

Sem comentários:

Enviar um comentário